terça-feira, 20 de novembro de 2012

Escolha do Método Defensivo vs Linha de marcação @ Emídio Rodrigues



A escolha do método defensivo pretendido (zona, individual ou misto) obedece sempre a um conjunto variado de situações que o treinador deve ter em conta. As vantagens e desvantagens que cada um apresenta são amplamente referenciadas na literatura da especialidade. No entanto, uma questão que raramente aparece citada prende-se com a variação do método a utilizar em função da linha de marcação onde se pretende iniciar a pressão. Ou seja, será o mesmo utilizar o método defensivo zonal defendendo nos dez metros adversários do que defender a meia quadra? Obviamente que existem uma multitude de variáveis que tem que ser questionadas, desde simples adaptações estratégicas, concepção do treinador, até à organização ofensiva utilizada pelo adversário, entre outras.
Deste modo, este pequeno artigo pretende fazer uma simples análise prática de algumas situações que, me parece, dificultam uma defesa zonal em locais do jogo mais avançados. O que pressupõe uma adaptação constante dos métodos defensivos.

Primeiro exemplo:
Sistema táctico adversário 3:1
Método defensivo zonal com trocas defensiva na paralela, diagonal e entrada do ala

Sistema táctico 3:1
Método defensivo zonal



Na realização de uma paralela (nº3) o jogador que se encontra na posição de pivô (nº5) deve em primeiro lugar aclarar no espaço, providenciando uma linha de passe ao ala esquerdo (nº2) (Fig. 1 e 2). Variando sempre em função dos processos defensivos adversários. O que se verifica, por vezes em jogos da 1ª divisão portuguesa, é que existe uma pressão imediata ao portador da bola (nº2) de forma a limitar rapidamente as linhas de passe ao mesmo. Assim, na minha concepção, o jogador pivô depois de aclarar deve realizar uma aproximação, pelo corredor central, formando um triângulo, ou seja duas opções de passe imediatas (nº5 e nº3), bem como o GR (nº1) e o jogador que se encontra a dar o equilíbrio à circulação táctica, garantindo a cobertura ofensiva (nº4). Neste caso, deverá ser importante dizer ao pivô que deve aclarar no espaço deixado pelo fixo. Outro dos princípios patente na Fig.1 e 2, é que o ala contrário terá que ter precauções de modo a garantir, se necessário, o início do processo defensivo.

Problemas comuns e adaptações estratégicas:
1-  A distância existente entre o pivô e a troca defensiva entre a 3ª e a 4ª linha defensiva;
2-  A entrada da bola no pivô que se encontra na ala que a devolve de primeira (3*2)


É comum verificar-se a utilização do pivô do lado contrário à bola e ligeiramente em profundidade relativamente aos restantes elementos. Na tentativa de contrapor uma defesa zonal ou mista, a realização de uma paralela leva à criação simultânea de alguns problemas:

- Se o jogador nº5 não for acompanhado na paralela (Fig.3), irá verificar-se uma basculação defensiva (Fig.4), ficando o defensor que se encontra na linha defensiva mais recuada com o jogador que entra e simultaneamente o defensor que se encontra na ala contrária terá que baixar, afim de ocupar a 4ª linha defensiva. A grande questão centra-se na distância que o defensor tem que percorrer para realizar a basculação defensiva. Ou seja, sempre que o jogador que entrar na paralela realizar uma entrada muito curta, vai criar dificuldades impossibilitando muitas das vezes uma cobertura defensiva adequada sobre o portador da bola, bem como, pode impossibilitar a intercepção do passe para o pivô, sobretudo se este for feito de primeira e rasteiro.

Sistema táctico 3:1 c Pivot em Profundidade

Basculação defensiva

Espaço a percorrer pelos defensores



Uma segunda questão que se pode colocar verifica-se quando o jogador nº2 passa a bola para o nº5 que lha devolve efectuando rapidamente um passe para o nº4 e entra na paralela pela frente quebrando na zona central (Fig.6). Se colocarmos o pivô do lado da bola poderemos criar uma situação de superioridade numérica efectuando um passe ao pivô que de primeira devolve a bola para o corredor central (Fig.7). Esta situação poderá colocar grande indefinição na organização zonal adversária, se associarmos a uma circulação rápida da bola, variando de uma ala para a outra, a profundidade do pivô, bem como, a entrada do ala nº5.

                
Movimentação no Sistema Táctico 3:1 Central
Passe do Pivot para o corredor


Em jeito de conclusão, final parece-me que a utilização do método defensivo deve variar em função da linha de marcação pretendida pelo treinador, baseando-se essencialmente no conjunto de problemas que a organização ofensiva adversária possa criar. Invariavelmente, as características dos nossos jogadores e dos adversários terá que ter um peso fundamental nessa escolha, bem como em todas as adaptações estratégicas.

Emídio Rodrigues (memidio@gmail.com)





4 comentários:

Como jogador:
prefiro uma defesa com trocas defensivas a pressionar nos 10m adversários, penso que mesmo que haja algum erro defensivo no processo de trocas ou mesmo que a bola entre na paralela curta, a equipa defensiva ainda tem espaço suficiente para se ajustar defensivamente.
Numa zona de defesa a meio campo, já sou a favor de uma defesa individual, pois o espaço para corrigir o "tempo/espaço" das trocas já é menor e numa zona perigosa/de finalização que pode causar perigo para nós.

poderá depender muito do nível competitivo. pessoalmente prefiro o método defensivo misto. Atenção que uma coisa é pressionar nos 10m adversários com o opositor a sair em 2:2 outra coisa é sair em 3:1!!!É completamente diferente.
emidio

Eu sou um defensor e trabalhador acérrimo da defesa individual a toda a largura do campo.
Uma defesa individual é muito difícil de bater, eu próprio quando jogo contra uma defesa deste género a dificuldade em arranjar espaços é bem maior. Excepção feita ao adversário portador da bola. se este estiver bem pressionado então as trocas defensivas podem acontecer. O difícil é conseguir a sintonia de todos os jogadores em terem a perfeita noção se a bola está ou não bem pressionada e nesse caso, TODOS marcam pela frente.
Abraço e Parabéns pelo Artigo

Pedro Pipa

Eu pessoalmente também sou defensor de uma defesa individual, e também em qualquer zona do campo.

Garante, com jogadores com capacidade física alta e qualidade tática, uma pressão constante no portador da bola, permite-nos ter todos os jogadores contrários com uma marcação, e claro há menos espaços para quem ataca.

Depois é esperar que a nossa defesa individual seja sempre superior á qualidade individual do adversário.

Cumprimentos,

Marco Aurélio

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