Defesa à Zona em Futsal
O treino desportivo ainda é, em sua
maioria, baseado na repetição de gestos técnicos, tanto nas modalidades
individuais quanto nas modalidades coletivas. No caso dos Jogos Desportivos
Coletivos este método dificulta o desenvolvimento da inteligência e cooperação
entre os jogadores por exigir o "como fazer" desvinculado das
"razões do fazer". Nesse sentido, este artigo de opinião propõe uma
metodologia para o treinamento defensivo á zona no futsal centrada nos jogos
condicionados (jogos reduzidos), privilegiando o desenvolvimento tático
coletivo.
O futsal é uma modalidade classificada de
Jogo Desportivo Coletivo por possuir as seis invariantes atribuídas a esta
categoria: uma bola ou implemento similar, um espaço de jogo, adversários,
parceiros, um alvo a atacar e outro para defender e regras específicas.
O termo sistema tático é utilizado para
descrever o posicionamento dos jogadores em quadra de acordo com a função
exercida por cada um. Este posicionamento tático está intimamente relacionado
às ações dos adversários. É importante lembrar que a dinâmica do futsal é muito
complexa e a troca de funções entre os jogadores é constante, pela exigência de
uma intensa movimentação. As equipes costumam modificar seu sistema tático
dentro de uma mesma partida, em virtude de possível ineficiência diante do
sistema utilizado pelo adversário.
A essência do sistema defensivo repousa na
constante busca de adaptação às características do ataque adversário, para a
execução da defesa propriamente dita (recuperação da posse de bola), que pode
ser centrada nas movimentações da bola, chamada defesa por zona. A marcação por
Zona é por sistema realizada na meia-quadra defensiva e apresenta duas
variações no futsal - Losango (3x1) ou Quadrado (2x2).
A escolha por um destes sistemas defensivos
depende das características dos jogadores da equipe, do sistema tático
utilizado pelo adversário e da situação do jogo. Por estes motivos torna-se
importante o treino de todas as variantes defensivas.
Marcação
ou defesa Zona
Marcação caracterizada pelo posicionamento
à meia-quadra, ou melhor, nas Zonas 1 e 2 (Defesa e meia quadra) - sempre atrás
da linha da bola; pelas constantes trocas de marcações; e pela espera do erro
adversário para roubar a bola e contra-atacar. Na maioria das vezes, estes
contra-ataques são perigosos, pois pegam a defesa adversária desposicionada -
na transição do posicionamento ofensivo para o defensivo. Neste tipo de
marcação, cada defensor é responsável por determinada zona da quadra e pelo
adversário que estiver nela. O posicionamento dos defensores ocorre em função
do deslocamento da bola.
É uma marcação utilizada quando a equipe
adversária apresenta rápida e complexa movimentação, tem bons executantes,
ótima técnica e condução de bola, um bom nível de treino ou quando o placar é
favorável á nossa equipa.
Pontos
Positivos:
- Facilita
a cobertura e a recuperação no caso do drible;
- Menor
desgaste físico dos defensores;
- Proporciona
perigosos contra-ataques;
- Impossibilita
as "bolas nas costas";
- Fecha o
meio de quadra
Pontos
Negativos:
- Possibilita
o remate de segunda linha;
- Aumenta o
tempo de posse de bola do adversário;
- Encobre
parcialmente a visão do guarda-redes.
Para a Marcação Zona, os jogos reduzidos
utilizados são os de superioridade numérica: 4x2; 3x2; 3x1; 2x1; 4x3; 5x3; e
5x4. Lembrando que no 5x3 e no 5x4 o quinto elemento deve ser o guarda-redes. O
4x3 e o 5x3 são situações que ocorrem em jogos onde uma das equipes tem um
jogador expulso.
A superioridade numérica forçará a Marcação
Zona, pois os defensores não devem pressionar o portador da bola a qualquer
momento, facto que facilitaria a ação dos atacantes. Eles precisam fechar os
espaços e esperar o momento certo de pressionar. Assim a movimentação dos
defensores será mais em função do deslocamento da bola do que dos adversários
(Zona).
Os jogos reduzidos com dois defensores (3x2
e 4x2) facilitam a aprendizagem da Marcação Quadrado, já que os defensores
utilizarão a movimentação basculante.
Na minha opinião o treino baseado na
repetição de gestos precisa ser repensado no caso dos desportos coletivos.
Repensado e não negado. O treino técnico é muito importante para melhorar a
performance do atleta, mas nos jogos desportivos coletivos, ele deve vir em
menor escala, dando espaço para o desenvolvimento da inteligência tática.
Cabe ao treinador desenvolver suas sessões
de treino com o objetivo de desenvolver a inteligência e a cooperação entre os
atletas, pois uma boa equipa não é constituída pela somatória de talentos individuais,
e sim pela sintonia e compreensão coletiva entre os jogadores.
Gabi Fernandes
Gabi Fernandes